domingo, 5 de abril de 2015

18 ANOS DE MINHA FILHA DAIELLY

DANIELLY NO PRIMEIRO  DIA DE AULA
DANIELLY NO DIA DA PRIMEIRA COMUNHÃO

 PARA HOMENAGEAR DANIELLY NO DIA DE SEUS 

18 ANOS, RESOLVI CONTAR UMA HISTORIA ONDE

 COM UM SIMPLES ABRAÇO, ELA ME AJUDOU A 

VENCER O PENFIGO VULGAR


Um dia à 14 anos atras no começo do PÊNFIGO VULGAR, eu tava sentado em uma rede com o corpo todo dilacerado, todo em carne viva, sentia um mal cheiro insuportável, meu corpo estava todo infectado e a minha carne toda apodrecida, saia sangue e puiz da boca, nariz e ouvido, eu começava a sentir a presença da morte me rondando, mas eu sabia que DEUS não ia me abandonar, e de repente chegou DANIELLY na epoca com 4 anos, ela veio por tras e me abraçou dando um beijo na minha cabeça toda dilacerada pelo PÊNFIGO, eu tomei um susto e falei: DANY não me abrace assim, o pai tá muito doente, ela então com a carinha de sapeca dela falou: O QUE É QUE TEM, EU AMO O SR. DESSE JEITO! eu até aquele instante achava que eu ia morrer, pois o PENFIGO à 14 anos era totalmente desconhecido, e os médicos não tinham me dado muitas esperanças, mas aquele abraço e aquelas palavras ditas por DANIELLY me deram uma super injeção de animo, e me fizeram ver que eu tinha que lutar em dobro, não só para escapar da morte, mas também para não deixar que as palavras dela fossem em vão, pois se ela com 4 anos de idade confiava em mim, eu também tinha que confiar, e a partir dali iniciei uma luta desigual e feroz contra o PÊNFIGO, e no fundo eu sabia que eu podia morrer de qualquer coisa, mas daquela doença ia ser dificil eu morrer, pois DANIELLY foi minha luz que eu tanto procurava no fim do túnel.
Hoje 14 anos depois ela está fazendo 18 anos, e eu estou aqui contando essa historia, esse momento ficou eternizado e gravado na minha mente, porque são nos momentos simples que encontramos a felicidade, e sempre vai existir um motivo pra viver. OBRIGADO DANY, FELIZ ANIVERSÁRIO

 
DANIELLY COMIGO EM 2013


sábado, 28 de março de 2015

TUDO COMEÇOU COM O PÊNFIGO VULGAR!

 .Para entender tudo o que estou passando agora, é preciso voltar um pouco no
 tempo, mais precisamente há 14 anos atras, quando toda essa historia do PÊNFIGO
 VULGAR começou.

Eu nunca procurei saber o porque desta patologia ter vindo pra mim, não procurei livros ou revistas que falasse dela, ou até mesmo em internet, porem sempre soube que era dolorosa e que ia me tirar o sossego por longos anos da minha vida. E realmente isso aconteceu, durante estes 13 anos de luta, foram muitas internações para vários tipos de tratamentos, só que eu procurei levar minha vida normalmente como se eu fosse um cidadão comum, porem respeitando algumas regras e os meus limites.

Durante esse tempo meu tratamento foi sempre na área dermatológica, pois o Pênfigo é uma patologia da pele, tanto que meus primeiros sintomas foram na boca e na pele, porem depois que começa o tratamento, aparecem vários tipos de conseqüências, primeiro porque a medicação é muito forte, o meu foi feito todo a base de corticoides, e segundo porque o desgaste emocional é muito grande, entretanto eu procurei administrar o desgaste com as consequências, para que eu pudesse levar uma vida normal como todo cidadão.

Eu cheguei no Hospital das Clinicas no começo de Fevereiro de 2002, com o corpo todo decomposto, todo em carne viva, com lesões erosadas, e com 2 infecções secundárias, ou seja já na faze aguda, nessa época ninguém sabia o que era PÊNFIGO, pois essa patologia era muito confundida com o LUPOS, que também estava em grande evidencia, passei então a fazer todo tratamento em altas doses de corticoides, as lesões melhoraram bastante com o tratamento, mais meu emocional também sofreu um abalo muito grande, e tive que passar vários meses para me livrar de uma forte depressão aguda causada pelos corticoides

Enquanto fazia o tratamento em casa, eu ia diminuindo a quantidade de Prednisona e aos poucos ia me livrando da depressão e das lesões que sobraram da minha internação no Hospital das Clinicas(Hospital Universitário Walter Cantidio), só que para me livrar da depressão aguda eu tive que passar 3 anos sem sair de casa levando uma vida vejetativa, e um dia depois de uma hiperglicemia, eu fui parar na Santa Casa para tomar soro e oxigênio, sai no mesmo dia de alta e depois de fazer caminhada para controlar o diabetes adquerido com o uso de corticoides, eu fui parar nos estúdios da Rádio Educadora, que ficava perto da praça onde eu fazia caminhada, porem a curiosidade me levou a entrar no estúdio, e lá chegando fui convidado pelo radialista Genaldo Azevedo a fazer um comentário sobre uma noticia esportiva que ele deu, eu fiz o comentário, e dai veio a empolgação e eu passei a participar do programa todos os dias.

Então de uma hora pra outra eu era radialista, e de repente a cidade inteira queria me conhecer, isto elevou minha auto-estima e fez com que eu tivesse uma arma forte a meu favor, que era o carinho do povo, porem eu jamais podia imaginar que uma coisa que me dava tanto prazer, também podia me dar tanta dor de cabeça, e com pouco tempo que eu estava no rádio apareceu a primeira rouquidão, ou seja o primeiro problema nas cordas vocais, entretanto eu jamais podia imaginar que aquela rouquidão, tivesse alguma coisa a ver com Pênfigo ou com a medicação que eu fazia uso, isso aconteceu em 2004, e eu logo cedo tive que me afastar do rádio para ir ao Hospital das Clinicas procurar saber o motivo da rouquidão, fizemos uma biopsia e com a retirada da lesão minha voz voltou ao normal, e eu logo voltei para o rádio, aproveitei para tentar ajudar as pessoas através dos microfones, e passei a trabalhar em várias emissoras de Sobral, sempre fazendo um trabalho ético e de respeito pelo publico, mais em dois anos a rouquidão voltou de novo, e mais uma vez me afastei do rádio para procurar tratamento para as cordas vocais, e voltei de novo ao Hospital das Clinicas para mais uma biopsia e mais uma vez minha voz voltou ao normal, e eu voltei de novo pro rádio e dei continuidade a minha vida.

Meu drama sempre foi esse problema nas cordas vocais, com ele eu não tinha uma sequencia no rádio, por isso eu não conseguia tirar o meu sustento do rádio, pois a falta de uma continuidade fazia com que eu ficasse sempre me afastando, e isso me deixava muito triste, porem dessa vez a rouquidão veio mais forte, e com ela vários problemas sérios, que infelizmente fugiram ao meu alcance, mais que já estava escrito para acontecer, pois não dava para me livrar de uma patologia tão rara e cruel sem uma sequela, e ela veio justamente na parte onde eu mais usava e precisava, que era a minha voz, porem não posso reclamar da vida, pois tudo isso levou 13 anos para acontecer, e eu tive 13 anos de alegria e prazer com minha voz

Durante estes 14 anos eu fui candidato a vereador 2 vezes, e também durante este período eu usei demais a minha voz, não para pedir votos, mais para lutar pela qualidade de vida das pessoas que precisassem de mim, porque eu sabia que era muito difícil ganhar uma eleição, até porque eu tinha uma saúde debilitada, e nem um patrimônio para investir em campanha politica, porem o que eu fazia na politica eu fazia no meu dia dia, pois a politica é passageira, e a saudê tinha que continuar.
Hoje enfrento um drama que mexe com toda minha estrutura emocional, mais que felizmente não tirou a minha vontade de viver nem de lutar, talvez porque eu me lembre sempre da resposta do médico quando há 12 anos eu perguntei o que era o Pênfigo, e porque ele veio pra mim? e ele me respondeu que não tinha explicação, e que eu simplesmente tinha sido um escolhido, então é assim que eu me acho, um escolhido, e não uma vitima.

Foi assim que durante 14 anos esse drama foi se formando, foram muitas perdas, dores, e muitas conquistas, e vai ser sempre assim, tudo será encarado com alegria e de cabeça erguida, pois depois que o problema chega não adianta reclamar, é ir a luta e superar, pois o principal já tenho, que é um bom hospital, uma ótima equipe médica, e claro Deus me dando força para vencer todos esses obstáculos.

Agora vejo que meu drama é muito maior, porque infelizmente o CÂNCER chegou! mais há 14 anos atras eu imaginei que um dia ele chegaria, pois sempre havia esse medo das consequências da medicação, assim como tambem chegou o diabetes e outros sintomas, porem ninguem sai de uma doença terrivel sem uma consequência, o importante é que estou tendo a oportunidade de contar a historia e de mostrar minha Trajetória de Luta, que Deus com certeza não irá deixar que fique pelo caminho, pois não quero recompensa, quero apenas o direito de viver. 



segunda-feira, 23 de março de 2015

MOMENTOS MARCANTES NA LUTA CONTRA O PÊNFIGO VULGAR

 Em 2002 eu me encontrava no Hospital Dona Libânia em Fortaleza, numa sala com mais de 20 médicos, participava de uma junta médica para comprovar se eu era portador de PÊNFIGO, PSORIASE OU LUPOS, fiquei sentado em uma cadeira com a boca aberta e os braços levantados, enquanto isso meu corpo todo ia se decompondo, CAIA PEDAÇOS DE TODA PARTE, em certo momento eu olhei para uma parede em minha frente e lembrei do meu passado, então em meio a muita dor e sofrimento, um sorriso veio e preencheu minha face, um dos médicos viu aquela cena e comentou, engraçado, esse rapaz nessa situação e ainda rir, eu falei, Dr. estou rindo porque essa e a única opção que tenho, e é com ela que vou buscar a minha cura, o médico então falou, voçe tem fé e paciência para aguentar sofrimento? eu falei, claro que tenho, ele disse, então voce vai vencer esse desafio. 


Moral da história, não existe problema sem solução, e ninguém carrega uma cruz maior do que o que pode carregar, e antes de reclamar do sofrimento, agradeça a Deus por estar lhe dando a chance de testar sua capacidade, e é muito importante lembrar, as pessoas rezam por você, lhe são solidários, lhe dão presentes, e até fazem vaquinhas para comprar remédios, mais ninguém vai sentir a sua dor, e ninguém morre no seu lugar, por tanto a parte mais importante quem tem que fazer é agente mesmo, ou seja, lutar pela vida até as últimas conseqüência.

Esse foi um dos momentos mais dificeis que já passei na minha vida, foram momentos de muito sofrimento e de muita dor, mais tambem de muita esperança e de muita vontade de viver. Por tanto nem um problema hoje será maior do que o que eu já passei antes, por isso é que eu digo que tudo na vida vale a pena, até o sofrimento. 

domingo, 22 de março de 2015

OBRIGADO DR. MATEUS E DR. MARCOS AURELIO

COM DR. MATEUS E DR. MARCOS AURÉLIO NO AMBULATÓRIO DE OTORRINO NO HOSPITAL UNIVERSITARIO WALTER CANTIDIO,  DIVIDINDO O DIPLOMA REFERENTE AO TROFEU PERSONALIDADE CLASSE, <A> RECEBIDO POR MIM COMO UM DOS DESTAQUSE DO ANO DE 2014  EM SOBRAL. 
 TEM COISAS QUE NÃO SÃO FÁCEIS DE CONTAR, CONFESSO QUE DURANTE ESSES   ANOS QUE PASSEI A ESCREVER  NESSE ESPAÇO, TALVEZ POUCAS VEZES TENHA ENCONTRADO DIFICULDADES PRA ESCREVER UM TEXTO COMO AGORA, MAS VAMOS LÁ.
HÁ EXATAMENTE 2 ANOS FIZ A DELICADA CIRURGIA DE LARINGECTOMIA TOTAL, CIRURGIA ESSA QUE SALVOU MINHA VIDA E DEU A MIM UMA NOVA OPORTUNIDADE DE CONTINUAR ESCREVENDO MINHA TRAJETÓRIA DE LUTA.
DURANTE 70 DIAS EU CONVIVI DIARIAMENTE COM ESSA DUPLA DE MÉDICOS, DR. MATEUS E DR. MARCOS AURÉLIO. RESIDENTES DO AMBULATÓRIO DE OTORRINO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTIDIO, FORAM 70 DIAS DE CONVIVÊNCIA INTENSA NUMA GRANDE BATALHA PELA VIDA, ONDE POR MUITAS VEZES SENTI A PRESENÇA DA MORTE MIM RONDANDO, POREM NUNCA MIM SENTI SOZINHO E DESPROTEGIDO, POIS TODOS OS DIAS DAS 6 DA MANHÃ AS 9 DA NOITE, INCLUINDO FINAIS DE SEMANAS E FERIADOS, ELES ESTAVAM PRESENTES CUIDANDO DE MIM, ME AJUDANDO A SUPERAR TODOS AQUELES MOMENTOS DIFICEIS. E LUTANDO AO MEU LADO PARA QUE TUDO FOSSE FINDADO COM EXITO E SATISFAÇÃO.
HOJE ELES NÃO ESTÃO MAIS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, SUAS JORNADAS DE APRENDIZADO TERMINOU E AGORA SEGUEM SEUS DESTINOS PELOS HOSPITAIS DA VIDA. CONFESSO QUE PELA PRIMEIRA VEZ EM 14 ANOS DE LUTA ME SINTO UM POUCO DESPROTEGIDO, POIS APRENDI DESDE CEDO QUE O QUE SALVA VIDA ALÉM DA COMPETÊNCIA, É O CARINHO COM O QUAL O MÉDICO TRATA SEUS PACIENTES, E CARINHO E COMPETÊNCIA ELES SEMPRE DEMONSTRARAM NOS 70 DIAS VIVIDOS DIARIAMENTE, E NOS 2 ANOS QUE PASSEI SOB SEUS CUIDADOS COM CONSULTAS E REVISÕES.
DURANTE ESSES 14 ANOS DE LUTA INICIADO COM O PÊNFIGO VULGAR EM 2001, JÁ PASSEI POR MUITOS SETORES DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, INCLUSIVE SETORES COMPLEXO COM A INFECTOLOGIA, E JÁ PASSEI POR DEZENAS DE MÉDICOS INCLUINDO INTERNOS, RESIDENTES E PROFESSORES, DESTES SÓ OS PROFESSORES DA UFC FICAM NO HOSPITAL, OS INTERNOS E RESIDENTES VÃO SEGUINDO OUTROS RUMOS, MAS NUNCA ME IDENTIFIQUEI TANTO E TIVE TANTAS AFINIDADES COM 2 PROFISSIONAIS COMO TIVE COM DR. MATEUS E DR. MARCOS AURÉLIO, POIS NÃO FOI SÓ UMA CONVIVÊNCIA ENTRE MEDICO E PACIENTE, FOI DE IRMÃO, DE AMIGO, FOI DE PARCEIROS NA LUTA PELA VIDA.
QUANDO CHEGUEI NO HOSPITAL NO DIA 26 DE DEZEMBRO DE 2012 JÁ QUASE SEM VOZ E COM DIFICULDADES PARA RESPIRAR, FUI RECEBIDO POR DR, MARCOS AURÉLIO QUE EM PLENO RECESSO DE NATAL E ANO NOVO, ESTAVA NO HOSPITAL DANDO ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES DA OTORRINO QUE ESTAVAM NA CLINICA CIRÚRGICA AGUARDANDO CIRURGIA OU JA PÓS OPERADOS, ENTÁO A PEDIDO DE DR. SEBASTIÃO FEZ MINHA INTERNAÇÃO E NO DIA SEGUINTE JÁ COM DR. MATEUS PASSARAM A DIRIGIR MEU DESTINO E AJUDAR A CONSTRUIR O MEU FUTURO.
HOJE DOIS ANOS DEPOIS TÓ ESCREVENDO ESSE TEXTO SENTINDO UM POUCO DE TRISTEZA POR NÃO PODER ENCONTRA-LOS MAIS NO AMBULATÓRIO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, E POR NÃO PODER CONTAR MAIS COM SEUS CUIDADOS DIÁRIOS COMO MÉDICOS RESIDENTES ATUANTES, MAS COM CERTEZA NOS ENCONTRAREMOS NOS HOSPITAIS DA VIDA, E QUEM SABE UM DIA COMO PROFESSORES DO PRÓPRIO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.
ESPERO TER CONTRIBUÍDO UM POUCO PRA SEUS APRENDIZADOS, E QUE NOSSA AMIZADE CONTINUE ALÉM DOS HOSPITAIS E DAS PATOLOGIAS, POIS JUNTOS ENFRENTAMOS E VENCEMOS O CÂNCER, E ISSO NOS UNE POR UM UM LAÇO MUITO FORTE, UM LAÇO DE AMOR A VIDA.
EM DEZEMBRO DE 2014 RECEBI O TROFEU COMO PERSONALIDADE CLASSE A EM SOBRAL, E DEDIQUEI ESSE TROFEU A DR. MATEUS E DR. MARCOS AURÉLIO, SEM ELES SERIA IMPOSSÍVEL ESSE MOMENTO ACONTECER, POIS DEUS OS COLOCOU NO LUGAR E NA HORA CERTA PARA QUE MINHA HISTORIA PUDESE SER CONTADA E PARA QUE MINHA TRAJETORIA DE LUTA NÃO FICASSE PELO CAMINHO, POR ISSO SÓ POSSO DIZER MUITO OBRIGADO, E QUE DEUS OS GIUE PELOS TORTUOSOS E EXCITANTES CAMINHOS DA MEDICINA, E QUE DEUS NUNCA DEIXE FALTAR SAÚDE EM SUAS VIDAS, POIS MUITOS OUTROS DANILOS NEVES DA VIDA AINDA VÃO PASSAR POR SUAS MÃOS, E COM CERTEZA ENCONTRARAM O MESMO CARINHO E DEDICAÇÃO QUE ENCONTREI.
MUITO OBRIGADO É SÓ O QUE POSSO DIZER.

terça-feira, 17 de março de 2015

O QUE É PÊNFIGO VULGAR?

Eu não vou falar da parte teórica da doença porque eu nunca pesquisei ou estudei nada sobre ela, só sei que sou portador há 14 anos dessa patologia e vou contar o que aprendi sentindo literalmente a dor na própria pele.

 O PÊNFIGO é uma doença rara e crônica que enfraquece o sistema imunológico, essa foi uma das respostas que ouvi no Hospital Universitário Walter Cantidio (Hospital das Clinicas) em Fortaleza logo que lá cheguei no inicio de 2002 para começar o tratamento de várias lesões que eu tinha pelo corpo. Eu nunca tinha ouvido falar esse nome e jamais imaginaria que uma doença desse tipo viesse a se abater sobre mim, mas tive a SORTE e o DESPRAZER de ter que conviver com ela pelo resto da vida, DESPRAZER porque o Pênfigo é uma doença terrível, que ataca a mucosa oral com bolhas, a pele em quase todo o corpo, principalmente a face, o tórax e o couro cabeludo, além de abalos emocionais e problemas psicológicos terríveis, SORTE em ser portador dessa patologia porque o sofrimento é tanto que eu achava que se conseguisse suportar todos os momentos dolorosos que ela causa, eu teria poder para parar uma guerra e mudar o mundo, mas isso são delírios e devaneios que agente encontra quando o sofrimento é muito intenso, e agente quer um pouco de alivio para amenizar a dor, até porque o máximo que agente consegue depois de vencer a fase aguda da doença é acreditar que tudo é possível e que nenhuma dor que vier a sentir pela frente, será maior do que a que já sentiu no passado, alem da capacidade que adquirimos de conhecer todos os sentimentos, sejam eles bons ou ruins, como a saudade, o abandono, a magoa, a solidariedade, o medo, a esperança, o desprezo, o ódio, o amor, a angustia, a fé e uma dor profunda na alma. Todos esses sentimentos eu senti durante anos, e me capacitei para saber entender quando a dor estiver em outra pessoa, e antes de julgá-la, procurar ver os motivos que levaram a desenvolver esse sentimento seja ele qual for, também tive a sorte de encontrar um hospital capacitado com médicos interessados e flexíveis, que tomam a luta como desafio, mais que também tem muito respeito pelo ser humano e que estão sempre dispostos a dividir com o paciente essa guerra. Porem a cura ou simplesmente o bem- estar dessas patologias não está só na boa vontade ou na capacidade do médico, eu tive que me adaptar ao Pênfigo abrindo mão de vários anos da minha vida, para tentar depois ter uma vida com qualidade, claro que isso depende da visão de cada um, muitos não conseguem abrir mão de nada, e acabam sucumbindo diante dos traumas e das perdas, pois todos os sentimentos estão presentes quando a dor é muito intensa, cabe agente saber usá-los a nosso favor, mesmo aqueles mais dolorosos como o ódio e a angustia, até porque quem sente a dor é que sabe o peso que ela tem.

Eu quando adquiri essa patologia em 2001, eu temi por minha vida e por várias vezes senti a presença da morte, não pela doença em si, mais pelas dificuldades de médicos e do despreparo de Sobral para enfrentar patologias raras. Eu confesso que me senti perdido quando apareceram os primeiros sintomas e eu não tinha para quem apelar, pois via meu corpo todo se decompor e tinha que suportar dores dilacerantes, levei 8 meses desde o surgimento das primeiras lesões até chegar no Hospital das Clínicas, durante esse tempo fiquei vegetando sem encontrar saída e sem saber a quem recorrer, mas tem pessoas que trabalham no serviço publico com amor e respeito pelo próximo, e essa foi a minha sorte, pois encontrei 3 pessoas aqui em Sobral que praticamente salvaram a minha vida, José Valdir Vidal, um amigo esclarecido, Dona Alice, trabalhava no Serviço de Apoio ao Cidadão e Dr. pessoa, (falecido recentemente) Médico Gastro em Sobral, e que me levou pessoalmente para o (HUWC) Hospital das Clínicas para dar inicio ao tratamento.

Durante esses quase 14 anos de tratamento muitas coisas boas e ruins aconteceram, adquiri novas patologias como o Diabetes, Osteoporose, TB(Tuberculose), Lesões nas cordas vocais, Obesidade(posso fazer a dieta que fizer que os corticóides não me deixam emagrecer), Síndrome do Pânico, 3 ANOS DE DEPRESSÃO AGUDA, e agora CÂNCER DE LARINGE E TIREOIDE, além de problema no coração e outras patologias. mas mesmo lutando sozinho nunca desanimei, e procurei fazer a minha parte, não deixando que todo esse sofrimento fosse em vão, então procurei ver onde poderia ser útil, comecei prestando serviço como voluntario do CVV(Centro de Valorização da Vida), onde ouvia as pessoas através do desabafo e procurava entender a dor que elas sentiam, pois por cada sentimentos que elas passavam eu já tinha passado, e assim ficava fácil entender a dor de cada um, procurei ajudar o Posto de Saúde do bairro trabalhando como voluntário no combate a dengue e nas reuniões dos idosos, passei a acompanhar e ajudar pessoas com câncer terminal, mesmo sabendo que era difícil achar a cura, procurava proporcionar um pouco de qualidade de vida ao paciente para que não sentisse dor, nem dificuldades com medicamentos e não se sentissem sozinhos, pois para muita gente ter Neoplasia Maligna com Metástase é ser condenado a morte e ao abandono, e isso eu podia mudar porque conhecia de perto a dor e o sofrimento. Procurei ouvir as pessoas na rua, em casa, no radio, nos hospitais e em qualquer lugar, para ver se com minha experiência em sofrimento eu saberia entender o sofrimento de cada um. Fiz parte de Associações, de Conselho Municipal de Saúde, acreditei que poderia ganhar eleição para vereador sem dinheiro, sem comprar ninguém, sem me vender e sem prometer o que eu não podia cumprir, queria era conseguir um mandato para facilitar o meu trabalho em prol da saúde e proporcionar ajuda aquelas pessoas que são excluídas pela sociedade e que ficam 3 meses esperando por exames, 1 ano por uma consulta e vários anos por uma cirurgia. Ter que fazer tratamento em Fortaleza, viajando duas vezes por mês, em algumas dessas viagens sem dinheiro contando apenas com o apoio dos amigos de Fortaleza, faziam com que tudo fosse muito difícil, e por muitas vezes eu cheguei quase a desistir, mas sei que quando a luta é longa, muitas pessoas desistem pelo caminho, algumas até nem querem começar, mais quem sente a dor nunca pode se cansar nem desistir, as vezes quero sentir o peso do fardo e achar que ta pesando muito, mas me lembro do começo à 14 anos atrás, quando tudo era escuridão e incertezas, e vejo que hoje eu tenho vida, e vida plena, eu percebo que nada hoje será mais difícil do que o que eu já passei, o que me entristece é que 14 anos depois eu continuo sozinho enfrentando essa guerra, pois as dificuldades são as mesmas, e as conseqüências da doença também continuam as mesmas.

Existem vários tipos de PÊNFIGO, entre eles o FOLIÁCEO, o VEGETANTE e o VULGAR, que é do qual sou portador, todos eles são complicados porque atacam a camada da pele provocando lesões erosadas por todo o corpo, mais já ouvi falar no hospital que o Vulgar é o pior de todos, acho até que o nome já diz tudo, então o que quero com esse relato não é pena nem compaixão de ninguém, até porque nesses 14 anos de luta foram 16 internações, 5 cirurgias nas cordas vocais, mais de 300 entradas no hospital para consultas, internações e revisões, e tudo isso eu fiz sozinho, hoje o que quero é o compromisso dos órgãos de saúde de Sobral para que essa luta não seja só minha e para que não termine antes do tempo.

Para enfrentar uma patologia como o PÊNFIGO é necessário antes de tudo um hospital de referencia e compromissado com o tratamento e a cura do paciente, eu fui um felizardo por ter o Hospital Universitário Walter Cantidio  no meu caminho para ser meu ponto de apoio e equilíbrio nessa luta, pois lá encontrei carinho e um quadro funcional capaz e comprometido com a cura e o bem-estar  do portador dessa terrível patologia. Para sempre serei grato ao  HUWC.

As vezes me acho um vencedor, mesmo sem ter patrimônio financeiro, mais por ter muitos amigos e ter vencido 14 anos dessa batalha, não sei até onde terei forças para continuar lutando, pois em 2013 eu passei boa parte do ano dentro do hospital, com 4 internações e 3 cirurgia, com consultas na Dermatologia, na Otorrino, na Endocrinologia.. Para algumas pessoas eu sou um herói, pra mim herói é quem salva a vida de alguém, salvar a própria vida é obrigação de cada um



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

MAIS UMA REVISÃO MEDICA EM FORTALEZA

AMANHÃ (QUINTA FEIRA DIA 12/02), É DIA DE VOLTAR A FORTALEZA PARA CONSULTAS NO HUWC (HOSPITAL UNIVERSITARIO WALTER CANTIDIO) E NO ICC (INSTITUTO DO CÂNCER) E ASSIM DAR SEGUIMENTO A MINHA TRAJETÓRIA DE LUTA.
SAIREI AS TRÊS HORAS DA MADRUGADA E COM CERTEZA TEREI UM DIA DE MUITO CANSAÇO E APREENSÃO.
DURANTE ESSE ULTIMOS 13 ANOS DA MINHA VIDA JÁ FIZ MAIS DE 300 VIAGENS PARA INTERNAÇÕES, (17), REVISÕES E CONSULTAS PERIÓDICAS. ENTÃO ISSO PASSOU A SER ROTINA PRA MIM, POIS O PROBLEMA NÃO SÃO AS VIAGENS QUE SÃO LONGAS E CANSATIVAS, E SIM AS INCERTEZAS DO QUE IREI ENCONTRAR PELA FRENTE.
HOJE FAÇO 4 TRATAMENTOS EM FORTALEZA, 3 NO HU E 1 NO INSTITUTO DO CÂNCER, PARA MUITA GENTE ISSO TUDO SERIA UM INFERNO, PRA MIM É DIVERSÃO E LAZER.
SEI QUE DOENÇA NÃO DESCANSA NEM TIRA FÉRIAS, E EU TAMBÉM NÃO, POR ISSO ESTOU SEMPRE PRONTO PARA ENFRENTAR MINHAS 4 PATOLOGIAS, E CLARO SEMPRE SAIR VENCEDOR, POIS MINHAS ARMAS DE COMBATE SÃO INFALIVEIS, É A FÉ, A ESPERANÇA E UMA VONTADE VORAZ DE VIVER, POIS AMO A VIDA DO JEITO QUE ELA TIVER, E SE O SOFRIMENTO VEM PRA MIM ELE TAMBEM SERVE DE ESCUDO, POIS VIDA TEM QUE TER TUDO, E DE LUTA E SOFRIMENTO EU NUNCA TIVE MEDO

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

OBRIGADO AOS RESIDENTES DO CSF DA EXPECTATIVA


DEPOIS DE 2 ANOS DE CONVIVÊNCIA DIVIDINDO MOMENTOS DE ANGUSTIA, SOFRIMENTO, DOR E MUITAS EMOÇÕES , ESTARÁ CHEGANDO AO FIM O TEMPO DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE RESIDENTES DO CSF DA EXPECTATIVA FORMADA PELO DENTISTA ADRIANO FILGUEIRAS, PELA NUTRICIONISTA JULIANA CASTRO E PELA FISIOTERAPEUTA OCUPACIONAL EMANUELA RIBEIRO, ESSA EQUIPE ESTEVE PRESENTE NOS MEUS MOMENTOS MAIS DIFICEIS, POIS FOI O TEMPO QUE FIZ QUIMIOTERAPIA E O DESGASTE FISICO E EMOCIONAL FOI MUITO GRANDE, E ESSA EQUIPE ESTEVE SEMPRE PRESENTE MIM DANDO FORÇA E CARINHO PARA QUE MINHA HISTORIA NÃO FICASSE PELO CAMINHO. NOSSO CIRCULO DE ATENDIMENTO PROFISSIONAL  TERMINANA NESSA  SEXTA FEIRA DIA 06, QUANDO ESTARÃO PRESTANDO SEU ULTIMO DIA DE SERVIÇO A POPULAÇÃO DA EXPECTATIVA, PARQUE SILVANA 1 E 2, COLINA, ALTO GRANDE E ADEGENCENCIAS.

COM OS PROFISSIONAIS QUE DURANTE DOIS ANOS PRESTARAM UM GRANDE SERVIÇO NO CSF DA EXPECTATIVA E TAMBEM DURANTE ESSE TEMPO  ESTIVERAM SEMPRE AO MEU LADO.
NA  FOTO O ODONTOLOGO ADRIANO FIGUEIRA, A FISIOTERAPEUTA OCUPACIONAL  EMANUELA RIBEIRO E A NUTRICIONISTA JULIANA CASTRO.

HOJE 2 ANOS DEPOIS DE NOSSO PRIMEIRO ATENDIMENTO FICA UM MIXTO DE SAUDADE, GRATIDÃO E AMIZADE QUE O TEMPO JAMAIS  APAGARÁ, POIS HOJE É FÁCIL CONTAR A MINHA HISTORIA, MAS QUANDO EU LUTAVA CONTRA OS MOMENTOS TORTUOSOS, ELES CUIDARAM DE MIM NÃO COMO UM PACIENTE, MAS COMO UM IRMÃO E AMIGO. POR ISSO TÁ SENDO DIFICIL ACHAR ADJETIVOS PARA ESCREVER ESSE TEXTO, POIS QUALQUER AGRADECIMENTO SERÁ POUCO PARA DIZER O QUANTO ESSE TRIO FOI IMPORTANTE NA MINHA VIDA, ENTÃO É SÓ DESEJAR A ELES SAÚDE PARA TER FORÇAS PARA CONTINUAREM COM SUAS MISSÕES, SENSIBILIDADE PARA SABEREM ACOLHER COM CARINHO SEUS PACIENTES NOS HOSPITAIS DA VIDA, E MUITA COMPETÊNCIA PARA ALIVIAR A DOR E PROPORCIONAR QUALIDADE DE VIDA A SEUS PACIENTES. QUANTO A MIM SÓ POSSO DIZER MUITO OBRIGADO.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

DOIS ANOS DE LUTA CONTRA O CÂNCER, E DOIS ANOS SEM MINHA VOZ

  COM A COMPETENTE EQUIPE MÉDICA QUE CUIDOU DE MIM NA PRIMEIRA FAZE  DA INTRODUÇÃO DO TAQUEOSTROMO,  NA ORDEM OS RESIDENTES MATEUS, MARCOS AURELIO E OS INTERNOS ANTONIO SERRA, FELIPE E DANIEL.
COM MINHA MÃE SEMPRE PRESENTE DANDO FORÇA

Quando cheguei ao Hospital das Clinicas(WUVC) no dia 26 de Dezembro de 2012 junto com meu amigo CAMILO MOTOS que  foi me deixar em Fortaleza, eu já sabia que meu problema era sério e que não ia ser fácil ser resolvido, primeiro porque eu já não tinha voz, e segundo eu tinha uma forte dispnéia(falta de ar), e terceiro porque era final de ano e eu sabia que nessa época não tinha médico para atendimento ambulatorial, mais eu sempre gostei de vencer desafios, sejam eles quais fossem, então cheguei no hospital e constatei  que realmente  não tinha médicos e que não havia nem um movimento no hospital, apenas o silêncio e corredores vazios, mas lembrei que no tempo que eu lutava pela vida dos outros eu nunca desistia, e nunca deixava nada pelo caminho, e não era no momento que eu tava lutando pela minha que eu ia desistir, então resolvi que eu ia ficar em Fortaleza na casa de uma amiga, e que no outro dia voltaria ao hospital para tentar alguma coisa, e assim fiz, fui com  CAMILO e com um amigo (SEU GERMANO) para a casa de minha amiga CARMEM, lá notei que eu começava a piorar e quase já não conseguia respirar, também não conseguia mais me alimentar, porque o cansaço que eu sentia era muito forte e não dava pra comer e respirar ao mesmo tempo, e mesmo assim a comida já não passava mais pela garganta, que parecia está bloqueada total, mesmo assim me alimentei com líquidos e repousei bastante, pois no outro dia teria uma árdua batalha pela frente. 

COM O AMIGO CAMILO MOTOS NA CHEGADA AO HUWC NO DIA 26 DE DEZEMBRO DE 2012
NO OXIGÊNIO AGUARDANDO O PROCEDIMENTO DO TAQUEOSTROMO
RECEBENDO O APOIO DA AMIGA SANDRA, FUNCIONARIA DO HOSPITAL, SEMPRE PRESTANDO SOLIDARIEDADE NOS MOMENTOS DIFICEIS.


  No outro dia cedinho peguei um taxi e rumei para o hospital, já não tinha mais nada de voz e tinha dificuldades para andar, pois cada passada que eu dava o cansaço  aumentava e eu tinha que parar para respirar um pouco. No hospital não tinha movimento algum, tava de recesso e o atendimento normal só voltaria depois do dia de ano novo, mesmo assim não desisti, pois precisava de um atendimento com urgência, então fiquei andando pelos corredores praticamente vazios, ai lembrei que na Clinica Cirúrgica sempre aparece um médico pra acompanhar algum paciente que tá internado aguardando cirurgia, e mesmo cambaleante sai pra lá, subi uma rampa longa, duas escadas e andei um longo corredor, cheguei lá nas ultimas quase já sem respirar, porem ali estavam minhas ultimas esperanças, falei com a pessoa responsável pelo setor e ela falou que o medico otorrino que tinha, ja tinha ido pela manhã cedo, e que dificilmente ele voltaria por lá, mais que eu aguardasse um pouco pois podia aparecer um outro e poderia me atender. eu sentei para descansar e aguardar, no fundo eu sabia que DEUS não ia me abandonar, nesse momento enquanto eu conversava com DEUS, passou a minha frente o DR. SEBASTIÃO DIÓGENES, Professor e Chefe do ambulatório de Otorrino do Hospital Universitário, quando o vi,  uma alegria repentina surgiu dentro de mim, só que ele passou rápido demais, e eu não podia gritar o seu nome, porque não tinha voz, e não podia acompanhá-lo, porque não tinha fôlego para seguir seus passos, mesmo assim meio cambaleante sai em seu encalço e vi quando ele entrou no elevador, ele ia fechando a porta quando eu entrei de uma vez e quase cai aos seus pés, ele me cumprimentou e perguntou como eu estava, eu quase sem conseguir falar  disse que não tava bem, e precisava de imediato da ajuda dele, alias nem falei, pois ele só de me ver, já  notou o meu estado, ele falou que eu tinha de internar com urgência, mais naquele dia não tinha um médico residente para fazer a internação, ele mesmo só tinha ido lá para assinar um documento dos alunos  e já tava de saída, eu então mostrei um exame de laringoscopia feito pelo DR CICERO SILVERIO, e ele ao ver o exame de imediato ligou para o Dr. MARCOS AURELIO, Médico Residente para que ele viesse fazer as pressas a minha internação e também introduzisse um taqueostromo para facilitar minha respiração enquanto aguardasse uma cirurgia, e também  para que eu entrasse  logo no oxigênio, e assim foi feito, só que a cirurgia ia demorar muito, porque era quinta feira dia 27 de dezembro, e o cirurgião só voltava depois do ano novo, e agüentar esse tempo todo só no oxigênio eu não ia agüentar, foi ai que veio a introdução do  TAQUEOSTROMO para que eu pudesse respirar melhor e assim ele ficar mais tranqüilo e fazer com calma os exames necessários, então logo um procedimento cirúrgico foi feito para a introdução do taqueostromo
PROFESSORA ANDREIA DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UFC E SUA EQUIPE
DR. ANDRÉ ALENCAR E SUA EQUIPE NO AMBULATÓRIO DE OTORRINO DO HOSPITAL UNIVERSITARIO WALTER CANTIDIO
 COM PESSOAS QUE ME ACOMPANHARAM E FORAM ANJOS DA GUARDA PARA MIM

JÁ COM O TAQUEOSTROMO AGUARDANDO A CIRURGIA  DE LARINGECTOMIA TOTAL

Quando o taqueostromo foi colocado na minha traquéia, veio uma forte infecção e meu sofrimento verdadeiro começou a partir dali, pois a infecção era muito forte e até os antibióticos que também eram fortes, não davam jeito, não resolviam nada, e a cada hora eu piorava mais, e tinha momentos que eu ficava praticamente sem respirar, porque saia tanta secreção que entupia o taqueostromo, e eu começava a pressentir que minha hora estava perto de chegar, mais a paciência e a competência dos funcionários da CLINICA CIRURGICA que cuidavam de mim com tanto carinho  me fizeram superar este momento complicado.


Durante este período de recesso eu fiz duas tomografias, uma endoscopia, vários raio X  e um eletro cardiograma, quando os médicos voltaram do recesso eu fui chamado para conversar e fazer uma laringoscopia no ambulatório, a previsão era de uma cirurgia para biopsia e para retirada das lesões, mas no fundo eu sabia que meu caso não era tão simples,  e que meu sofrimento ainda tava no só começo. Fui com um médico interno até o ambulatório que ficava em outro prédio no outro lado da rua. Eu tinha certeza que eu tinha algo grave, pois eu me conhecia melhor do que ninguém. Lá chegando fiquei sentado para descansar enquanto os médicos atendiam outros pacientes, eu, mesmo com a sensação de que eu tinha algo grave, me sentia tranqüilo e preparado, até porque quando sai de casa para o hospital, eu sai preparado e disposto a enfrentar o que viesse pela frente, pois  o pior já tinha acontecido e agora não adiantava reclamar nem lamentar, era enfrentar o que viesse pela frente. Notei que DR. ANDRÉ (cirurgião e professor) conversava com os outros médicos baixinho e de vez em quando olhavam pra mim, notei que em seus semblantes tinha um ar de preocupação, então DR. ANDRÉ olhou pra mim e falou, Danilo você é muito consciente e por isso vou direto ao assunto, eu disse, tudo bem, gosto sempre da verdade seja ela qual for, ele então falou: VOCE TÁ COM CANCER, E É GRAVE, E TÁ MUITO AVANÇADO, falou também que  tinha dado problemas em todo canto, principalmente na Laringe, local afetado e que tinha me levado a viver todo aquele drama, disse também que eu tinha problema na TIREOIDE. Que eu já tinha algo grave eu já suspeitava, mas a noticia do câncer soou nos meus ouvidos como uma martelada e como uma ducha de água fria, fiquei estático durante uns 15 segundos, então eu pensei: que eu não teria noticias boas eu já sabia, porem eu tinha ido preparado, e nada eu tinha a temer. Então falei pro medico: <DR. O CANCER DESSA VEZ SE ENGANOU, COMIGO A PARADA É DIFERENTE, DESSA VEZ ELE ESCOLHEU A PESSOA ERRADA>.  DR. ANDRÉ ALENCAR sorriu, ficou mais tranqüilo e falou que o caso não era simples, a tomografia tinha apresentado um tumor na laringe e na tireóide, e que a cirurgia seria de grande proporção, porem uma biopsia seria feita durante a cirurgia, para confirmar o diagnostico da tomografia, se a biopsia fosse confirmada, a cirurgia seria feita na mesma hora, se não, um tratamento resolveria, só que a biopsia foi feita e confirmou o resultado, então uma LARINGECTOMIA TOTAL teria que ser feita, e na hora que o médico ia começar o procedimento cirúrgico o meu coração teve um problema de arritmia e a cirurgia foi cancelada, o risco de uma parada cardíaca seria muito grande, e o certo seria esperar. 





Desde então passamos a cuidar do coração e a viver o drama da cirurgia da laringe, confesso que em nem um momento desse drama eu senti medo ou deixei me abalar por todos estes problemas, não que eu seja durão, mais é que ha 13 anos eu venho me preparando para esse momento, e não ia deixar que nada me tirasse a alegria de viver.





Fiz um eco stress para ver se o coração tava bem e se agüentava  a cirurgia, mais o resultado não foi conclusivo, então achamos melhor eu passar 15 dia em casa tomando remédio para o coração e voltar depois do carnaval para tentar a cirurgia, porem  pintou uma hipótese de  um procedimento   no coração antes da cirurgia na laringe, ai aumentava a carga que já tava muito pesada,  mais é como eu sempre digo, a minha parte eu faço, o médico faz a dele, e DEUS cuida do restante , então não tinha nada a temer.


Então fiquei fazendo o tratamento para o coração e aguardando a liberação do cardiologista para que o procedimento de Laringectomia fosse feito, enquanto aguardava eu procurava me adaptar ao traqueostromo que até aquele momento eu pensava que ele seria momentâneo, mas quando foi numa tarde eu tava sentado no meu leito quando Dr. Marcos Aurélio chegou e com muita tristeza no semblante falou: Seu Danilo tenho 4 noticias pra lhe dar e não são boas, eu que até aquele momento ainda não tinha recebido nem uma noticia boa falei, pode mandar, ele falou, VOCE VAI PERDER A VOZ PR SEMPRE! VAI RESPIRAR PELO TAQUEOSTROMO PRA SEMPRE! NÃO VAI MAIS SENTIR SABOR E NEM CHEIRO! VAI TER QUE FAZER RADIOTERAPIA E QUIMIOTERAPIA! Eu então falei, Dr. Não se preocupe, não tem problema em perder a voz, pois já passei 50 anos falando, ou seja, já falei até demais, já senti os sabores que eu mais gostava e senti os mais aromáticos perfumes do mundo, o traqueostromo até que não é tão mal, e a radioterapia e quimioterapia dá pra aguentar, só quero uma coisa, ME DEIXE VIVO, AI O RESTO É COMIGO.


No dia primeiro de março de 2013 eu fiz a cirurgia de Laringectomia Total e realmente perdi tudo que o medico falou que eu ia perder, mas ele também cumpriu o que me prometeu, me deixou vivo, e hoje depois de muito sofrimento, tó aqui contando a minha historia, na certeza de que meu sofrimento ainda tava no começo e de que muita luta ainda virá pela frente, mais ai já é outra historia.







Esse texto é oferecido aos residentes DR. Marcos Aurélio, DR. Mateus, e os internos Doutores Victor, Antonio Serra e Daniel, que me acompanharam na primeira faze, e aos Drs. Rafael e Felipe, internos que me acompanharam na segunda faze, Aos Professores Sebastião Diógenes (Responsável pela minha internação) e Dr. André Alencar(Cirurgião que fez a cirurgia de Laringectomia e que me acompanha até hoje), e a todo quadro de enfermagem da Clinica Cirurgica (Técnicas, Auxiliares, Enfermeiros, Nutricionistas, Fisioterapeutas, todo o quadro funcional do hospital que não mediram esforços para que minha historia fosse contada com êxito e com um final feliz.




domingo, 28 de dezembro de 2014

TUDO COMEÇOU COM O PÊNFIGO VULGAR!!

Para entender tudo o que estou passando agora, é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente há 14 anos atras, quando toda essa historia do PÊNFIGO VULGAR começou.

Eu nunca procurei saber o porque desta patologia ter vindo pra mim, não procurei livros ou revistas que falasse dela, ou até mesmo em internet, porem sempre soube que era uma doença dolorosa e que ia me tirar o sossego por longos anos da minha vida. E realmente isso aconteceu, durante estes 14 anos de luta foram muitas internações para vários tipos de tratamentos, só que eu procurei levar minha vida normalmente como se eu fosse um cidadão comum, porem respeitando algumas regras e os meus limites.

Durante esse tempo meu tratamento foi sempre na área dermatológica, pois o Pênfigo é uma patologia da pele, tanto que meus primeiros sintomas foram na boca e na pele, porem depois que começa o tratamento, aparecem vários tipos de conseqüências, primeiro porque a medicação é muito forte, o meu foi feito todo a base de corticoides, e segundo porque o desgaste emocional é muito grande, entretanto eu procurei administrar o desgaste com as consequências, para que eu pudesse levar uma vida normal como todo cidadão.

Eu cheguei ao Hospital das Clinicas(WUVC) em Fevereiro de 2002, com o corpo todo decomposto, todo em carne viva, com lesões erosadas, e com 2 infecções secundárias, ou seja já na faze aguda da doença, nessa época ninguém sabia o que era PÊNFIGO, pois essa patologia era muito confundida com o LUPOS, que também estava em grande evidencia, passei então a fazer todo tratamento em altas doses de corticoides, as lesões melhoraram bastante com o tratamento, mais meu emocional também sofreu um abalo muito grande, e tive que passar vários meses para me livrar de uma forte depressão causada pelos corticoides.

Enquanto fazia o tratamento em casa, eu ia diminuindo a quantidade de Prednisona e aos poucos ia me livrando da depressão e das lesões que sobraram da minha internação no Hospital das Clinicas, só que para me livrar da depressão eu passei 3 anos sem sair de casa, e um dia depois de uma hiperglicemia, eu fui parar na Santa Casa para tomar soro e oxigênio, sai no mesmo dia de alta e depois de fazer caminhada para controlar o diabetes adquerido com o uso de corticoides, eu fui parar nos estúdios da Rádio Educadora, que ficava perto da praça onde eu fazia caminhada, porem a curiosidade me levou a entrar no estúdio, e lá chegando fui convidado pelo radialista Genaldo Azevedo a fazer um comentário sobre uma noticia esportiva que ele deu, eu fiz o comentário, e dai veio a empolgação e eu passei a participar do programa todos os dias.

Então de uma hora pra outra eu era radialista, e de repente a cidade inteira queria me conhecer, isto elevou minha auto-estima e fez com que eu tivesse uma arma forte a meu favor, que era o carinho do povo, porem eu jamais podia imaginar que uma coisa que me dava tanto prazer, também podia me dar tanta dor de cabeça, e com pouco tempo que eu estava no rádio apareceu a primeira rouquidão, ou seja o primeiro problema nas cordas vocais, entretanto eu jamais podia imaginar que aquela rouquidão, tivesse alguma coisa a ver com Pênfigo ou com a medicação que eu fazia uso, isso aconteceu em 2004, e eu logo cedo tive que me afastar do rádio para ir ao Hospital das Clinicas procurar saber o motivo da rouquidão, fizemos uma biopsia e com a retirada da lesão minha voz voltou ao normal, e eu logo voltei para o rádio, aproveitei para tentar ajudar as pessoas através dos microfones, e passei a trabalhar em várias emissoras de Sobral, sempre fazendo um trabalho ético e de respeito pelo publico, mais em dois anos a rouquidão voltou de novo, e mais uma vez me afastei do rádio para procurar tratamento para as cordas vocais, e voltei de novo ao Hospital das Clinicas para mais uma biopsia e mais uma vez minha voz voltou ao normal, e eu voltei de novo pro rádio e dei continuidade a minha vida.

Meu drama sempre foi esse problema nas cordas vocais, com ele eu não tinha uma sequencia no rádio, por isso eu não conseguia tirar o meu sustento do rádio, pois a falta de uma continuidade fazia com que eu ficasse sempre me afastando, e isso me deixava muito triste, porem dessa vez a rouquidão veio mais forte, e com ela vários problemas sérios, que infelizmente fugiram ao meu alcance, mais que já estava escrito para acontecer, pois não dava para me livrar de uma patologia tão rara e cruel sem uma sequela, e ela veio justamente na parte onde eu mais usava e precisava, que era a minha voz, porem não posso reclamar da vida, pois tudo isso levou 13 anos para acontecer, e eu tive 13 anos de alegria e prazer com minha voz

Durante estes 13 anos eu fui candidato a vereador 2 vezes, e também durante este período eu usei demais a minha voz, não para pedir votos, mais para lutar pela qualidade de vida das pessoas que precisassem de mim, porque eu sabia que era muito difícil ganhar uma eleição, até porque eu tinha uma saúde debilitada, e nem um patrimônio para investir em campanha politica, porem o que eu fazia na politica eu fazia no meu dia dia, pois a politica é passageira, e a saude tinha que continuar.

Hoje enfrento um drama que mexe com toda minha estrutura emocional, mais que felizmente não tirou a minha vontade de viver nem de lutar, talvez porque eu me lembre sempre da resposta do médico quando há 13 anos eu perguntei o que era o Pênfigo, e porque ele veio pra mim, e ele me respondeu que não tinha explicação, e que eu simplesmente tinha sido um escolhido, então é assim que eu me acho, um escolhido, e não uma vitima.

Foi assim que durante 14 anos esse drama foi se formando, foram muitas perdas, dores, e muitas conquistas, e vai ser sempre assim, tudo será encarado com alegria e de cabeça erguida, pois depois que o problema chega não adianta reclamar, é ir a luta e superar, pois o principal já tenho, que é um bom hospital, uma ótima equipe médica, e claro Deus me dando força para vencer todos esses obstáculos.

Agora vejo que meu drama é muito maior, porque infelizmente o câncer chegou! mais há 14 anos atras eu imaginei que um dia ele chegaria, pois sempre havia esse medo das consequências da medicação, assim como tambem chegou o diabetes e outros sintomas, porem ninguem sai de uma doença terrivel sem nem uma consequência, o importante é que estou tendo a oportunidade de contar a historia e de mostrar minha Trajetória de Luta, que Deus com certeza não deixará que fique pelo caminho, pois não quero recompensa, quero apenas o direito de viver. FELIZ ANO NOVO